Renata Passos - Mentora de Mulheres

Renata Passos - Mentora de Mulheres
Bom dia

DEPENDÊNCIA DIGITAL

Eu não sei você, mas eu já me assumi como dependente digital.  Já sei que existem vários retiros para uma desintoxicação, mas acho esses retiros muito válidos para motivar, mas a vida acontece aqui fora no dia a dia.

Descobri-me dependente na última viagem que fizemos para fora do país. Como eu estava acompanhando meu marido em um congresso, fiquei boa parte do tempo sozinha. 

Nesse tempo sozinha, eu só me preocupava com meu celular. Em todo lugar que eu ia, principalmente nos mais lotados, eu estava sempre conferindo se meu celular estava comigo.

No meu celular estava o aplicativo do transporte.

No meu celular estava a foto do cartão com o endereço do hotel. Antes eu saía com o cartão do hotel. De uns tempos pra cá, eu não guardo mais papel nenhum, tiro foto de tudo que quero guardar.

No meu celular estavam guardados os principais contatos. Não ligo para ninguém que não seja meu marido sem o celular. Não gravei até hoje o número do celular das minhas filhas. Nunca precisei decorar esses números.

No meu celular estava o roteiro e o nome dos lugares que eu queria visitar.

Quando eu queria encontrar com meu marido, mandava mensagem, combinávamos um local e eu enviava a localização. Para pagar a conta de restaurantes, meu marido aproximava o celular da máquina de cartão e nossa conta estava paga em segundos. O cronograma com as aulas que ele iria assistir no congresso estava também guardado no celular dele. Com exceção de nosso passaporte e reserva de voo, que mesmo com check-in online sempre levamos impresso, todo o restante estava em nossos celulares.

Só lá percebi o quanto estamos dependentes do celular. Ou seja, tudo o que poderia nos ajudar e facilitar os nossos dias lá, estava em nossas mãos.

Imagine nessa situação, perder o aparelho?

Parece que até aquela viagem, eu sabia o quanto ele era importante.

Eu faço atendimentos online pelo meu celular. Meu marido recebe chamadas de urgência pelo celular.

Quando o telefone fixo- sim, ainda temos um- toca na nossa casa, das duas uma: ou é engano (uma raridade), ou é telemarketing. Mas ninguém mais telefona pra nós por ele. Na verdade, recebemos poucas chamadas telefônicas. O que recebemos mesmo é mensagem de texto.

Por isso hoje o caro na conexão são os dados. Até com nossos amigos mais próximos, conversamos por mensagem. Pra falar mais, combinamos um encontro.

O bom de nossa família é que a dependência é coletiva. Marido não pode ir a um local onde o celular não recebe chamadas ou que o sinal é ruim. São poucos, mas ainda existem. Minhas filhas que são adolescentes, nem sabem o que é viver a vida sem esse dispositivo móvel. Conversam com muitos amigos o tempo e combinam uma festa, um role ou uma viagem através de um grupo.

Ou seja, estamos aqui, todos dependentes de algo que até “ontem” pra nossa geração não existia.

A dependência é tão coletiva, que já existe aparelho que te traz um relatório semanal de utilização dividido por aplicativo. Ou seja, você pode medir o tempo de quanto ficou e onde.

Penso que talvez seja esse o caminho. Ter indicadores, sinalizadores, “placas” que nos alertem quanto ao uso.

A questão sempre não está no o que fazemos, mas no como e para que.

Tudo bem se você fica muito tempo em um aplicativo se sua fonte de renda segue por lá.

Tudo bem se você usa mais um aplicativo que te permite trabalhar em vários lugares.

Tudo bem se você fica mais em um aplicativo  pra se sentir mais perto do que estão muito longe.

Agora acho mesmo que precisamos discutir e repensar essa relação. Eu sei que ninguém gosta de discutir relação, mas você tem que concordar que às vezes precisamos ajustar as contas. Digo contas porque sempre alguém está pagando a mais.

Se estivermos usando, ou ficando a mais, estamos fazendo e deixando alguém com menos. Menos tempo, menos atenção, menos olho no olho, menos algo que você só pode oferecer com sua presença.

Não é sobre não usar, mas sobre não se permitir ser usado e ficar refém. Como eu fiquei na Califórnia!

Simples assim, só isso e mais nada.

Quer fazer um teste pra saber se você é um dependente digital?

Então não perca o post no próximo domingo e faça o teste.

De Coração, muito obrigada para você que me ofereceu o que você tem de mais valioso: a sua atenção!

Um domingo sensacional pra você!