Renata Passos - Mentora de Mulheres

Renata Passos - Mentora de Mulheres
Dicas

VOCÊ É MAIS OU MENOS? COMPARADO A QUEM?

-Você é cliente mais?

– Não querida, nem mais, nem menos!

Não tive como não rir, quando a senhora apressada com sua compras, soltou essa pérola na tentativa de agilizar suas compras no supermercado. Eu estava bem atrás dela e até a caixa deu risadas.

A estratégia comercial de diferenciar e premiar com descontos, quem se dá o trabalho de oferecer todos os seus dados para que a ciência do consumo avance mais a cada dia, merece nossos aplausos.

Quanto mais nos tornamos conhecidos através de nossos hábitos de consumo, mais as estratégias de venda podem ser planejadas para que nossas demandas e expectativas sejam atendidas.

Mostrar que o cliente é Mais e atrelar momentos de compra com felicidade, ( já ouviu a musiquinha?), esta extremamente alinhado com os desejos e anseios de nossa sociedade.

Queremos ser mais.

Queremos cada vez mais.

Queremos ser mais e com felicidade.

Doa a quem doer. Custe o que custar.

Na lógica do Mais, surgem as redes sociais e todos os tipos de comparações.

Só se sabe quem é mais ou menos por comparação.

Dentro deste mesmo exemplo, o mesmo supermercado anuncia sempre promoções especiais para os clientes que são “Mais” e colocam no mesmo cartaz o quanto quem não é irá pagar!

Ou seja, sai mais caro para quem não é “mais”.

Poucas campanhas conseguiram traduzir tão bem e de maneira tão simples, a teia social que estamos inseridos: a do incentivo à comparação.

Aprendemos a comparar para diferenciar coisas, objetos, recursos, propostas, planos, preços, etc. Esse é o objetivo inicial da comparação.

A sociedade que transformou o meio em um fim.

A busca passa a ser a comparação não de serviços ou produtos, mas entre nós!

Ou seja, a mesma lógica da competição que a revolução industrial deixou como legado para as empresas, agora vale para pessoas.

Não importa ser bom. Importa ser melhor que o outro.

Não importa tirar uma boa nota se o meu amigo tirou uma nota ainda melhor.

Não importa que já tenha um carro bom, o que importa é que o vizinho tem um ainda melhor.

O emprego que parecia razoável fica ruim se comparado com aquele conhecido, que posta todo santo dia que não trabalha, pois ama o que faz.

O cabelo lindo da menina perde a graça e o brilho, em comparação com o da amiga.

A vida fica completamente sem graça, se comparada com a vida da blogueira que viaja para o exterior uma vez por mês e quando volta pra casa não consegue sentar na cama de tantos presentes que recebeu em sua ausência.

As férias foram maravilhosas, mas perdem a graça e nem merecem ser contada, se comparadas às do cunhado no almoço de domingo.

O salário que é mais do que um dia você poderia imaginar, vira uma miséria quando comparado somente com os bônus do seu chefe.

Não é a lógica das campanhas comerciais que esta errada. Elas só são o espelho de nossos principais desejos. Os profissionais fazem nada mais, nada menos, do que traduzir uma linguagem não falada em algo visual que te leve a consumir. Ela é espelho, reflexo de quem somos ou queremos ser.

Enquanto seguirmos colocando nossa identidade onde ela não esta, será assim.

Nosso valor fica atrelado ao que possuímos, realizamos ou conquistamos.

Isso não é novidade. Faz parte da nossa natureza.

Uns mais. Outros menos, mas ninguém esta livre.

É preciso consciência.

E pensar demanda parar e refletir no que queremos para nós.

Só assim, pensando mais e seguindo definir, o que de fato, faz sentido.

Ouço algumas vezes pessoas que não estão satisfeitas com nada, justificando suas reclamações e confundindo com estagnação.

Dizem que a comparação é importante, pois as faz progredir. Elas acreditam que pessoas que são pouco competitivas e que não se comparam, na maioria das vezes são pessoas acomodadas.

Justificam seus comportamentos pelo medo da acomodação.

Vamos combinar: você conhece alguém que se preparou muito para fazer o que faz que trabalha com excelência, que dá sempre o seu melhor e que de uma hora para outra ficou acomodado?

Isso não existe!

A pessoa pode passar por um período de desânimo, mas ninguém se torna um acomodado do dia pra noite.

Atrás de um acomodado, existe uma história de vida. Algumas crenças que o fazem agir assim.

Agora, uma coisa é viver insatisfeito e se comparando o tempo todo. A outra bem diferente é querer mais e lutar por isso.

Sem querer ser mais. Sem se fazer menor.

Sem colocar a satisfação e a felicidade em algo que se pode pegar ou comprar.

Gostar do que temos. Do que somos. Do que temos pra hoje.

Encontrar satisfação na rotina. Na vida que você construiu. Nas escolhas que fez. Nas escolhas que fizeram pra você. No tempo que se renova todos os dias pra que você comece da maneira que quiser.

Uma pessoa satisfeita faz as melhores escolhas.

Os insatisfeitos por excelência, que dizem ser ambiciosos estão o tempo todo inquietos e procurando alguma coisa, alguma novidade… Não assentam, não desfrutam, parecem lutar o tempo todo.

O resultado? Gastam muita energia e correm muitas vezes para o lugar errado, só pra não ficarem parados. O insatisfeito esta em busca de movimento, mas acredita que vive por resultado.

O problema é que como nada está bom, quando consegue coloca a linha de chegada mais a frente… Uma busca sem fim!

Não tenho dúvidas: quanto mais satisfeitos conseguimos permanecer, melhores escolhas poderemos fazer.

A satisfação traz quietude, calma, tranquilidade, espaço e consciência. Ou seja, tudo o que precisamos para fazermos melhores escolhas.

Do contrário, seguimos correndo de um lado para o outro. Com pressa. Sempre sem tempo.

Olhando para o lado o tempo todo. Em estado de alerta. Cheios de medo.

Sem perceber a vida.

Sem perceber o tempo, até que um dia, quando tudo passar- pois tudo passa mesmo- olhar pra trás e dizer:

– Eu era feliz e não sabia!

Essa é a frase de um insatisfeito.

Não viveu feliz com o que tinha e agora acredita que a vida era muito melhor antes!

Queria poder voltar lá e agradecer aquela senhora do supermercado:

– Não quero ser mais. Não quero ser menos.

– Não preciso de mais. Não preciso de menos.

– Estou satisfeita com o que tenho pra hoje. É o que posso pagar. O que dou conta, de acordo com as escolhas que fiz.

– Ah, pode encerrar minhas compras.

– Não quero recarga pra celular, nem CPF na nota.

– Débito, por favor.

– Eu é que agradeço.

Compras encerradas e sigo satisfeita em direção à urna: vou doar a nota fiscal.

Simples assim e olhando só para o meu carrinho e o que escolhi carregar!

Domingo bem leve e sem comparações pra você!

Vamos juntos pelo Instagram?