Renata Passos - Mentora de Mulheres

Renata Passos - Mentora de Mulheres
Bom dia

VOCÊ É UM DEPENDENTE DIGITAL?

Quer saber se você é um dependente digital? Faça o teste aqui.

1° Episódio

Fui convidada para palestrar em uma empresa sobre a dependência digital e seus riscos no ambiente de trabalho. O convite veio em boa hora. Há menos de um mês li um livro sobre o tema e leio todos os artigos que me veem às mãos, ou melhor, aos olhos, sobre o tema, mas até então, por pura
curiosidade. Mas para a palestra eu precisava ir além de artigos de blogs, opiniões pessoais e principalmente a minha visão sobre o tema. O esforço foi maior que o de costume, pois essa não é a área que escrevo e atuo.

Gosto desse tipo de desafio, pois me obriga a pesquisar mais e a entender o que está acontecendo a partir de outros mundos que não é o meu.

Fiquei surpresa do quanto eu estou dependente.

Na hora até achei graça. Normalmente um dependente fala para o outro, depois de ter supera o vício. O tema poderia até ser “como eu sai da dependência do…” Ou até bem coach mesmo: “Passos para se livrar da dependência”.

Só que não. Desta vez seria diferente.

Eu acabava de me descobrir dependente e falaria aos outros dependentes que estão no mesmo estágio da “doença” que eu. Talvez uns mais, outros menos, mas depois de ler os trabalhos, os números e confirmar as suspeitam na palestra, posso afirmar: boa parte, pra não dizer a maioria de nós está sofrendo de dependência digital.

Como todo dependente você deve estar aí como eu estava antes de começar esse estudo, naquela fase de negação. Saiba que essa é a primeira fase, e a que praticamente comprova que alguém está realmente viciado, negar a dependência. Pode reparar, todo viciado, de qualquer coisa sempre se diz no
controle. Ele acredita sempre que irá parar quando quiser como quiser e a hora que quiser.

Essa é a maior pegadinha do vício e por isso as pessoas só buscam ajuda em estágio avançado. A pessoa que bebe todos os dias depois que chega do trabalho não se julga um viciado. Diz que bebe pra relaxar e que para quando quiser. O problema se dá quando por qualquer motivo ela precisa ficar dias sem aquela substância. Ela fica irritada, de mau humor, tem dores de cabeça e uma série de sintomas que configuram abstinência.

Com todos os vícios é assim: comida, drogas, compras, vídeos, séries…

Quanto mais você faz, mais seu cérebro pede pra você fazer. Um sistema de recompensa é acionado cada vez que você pratica aquele vício. Você sente prazer, conforto. O problema é que o cérebro se acostuma rápido demais ao mesmo estímulo exigindo mais e mais e mais.

A recompensa é cada vez menor e você irá precisar de um estímulo cada vez maior.

Até exercício que é para ser bom pode viciar. A sensação de prazer é maravilhosa e algumas pessoas não conseguem colocar limite. Quando o corpo mostra o limite e eles querem ir além tomam remédios até proibidos para obterem a mesma sensação de prazer.

Tudo isso pra te falar pra tomar cuidado com qualquer coisa que te dê prazer. Você acha que é você que tem o controle da coisa, enquanto é a coisa que tem o controle sobre você. O mecanismo é químico, fisiológico. Então o primeiro passo é como sempre o mais importante: assumir que não é você que controla tudo, que tem um mecanismo fisiológico que irá te pedir mais e te fazer escravo deste vício. Aqui vamos falar do digital, mas pode colocar o que você não vive sem, ou na ausência apresenta os sintomas que já descrevi.

Já aceitou?

Está em dúvida se é dependente ou se só se diverte com os vídeos, conversas de aplicativos, séries e redes sociais?

Fiz na palestra, um teste rápido que não tem nenhuma validação científica, nenhuma comprovação de nenhuma instituição famosa, mas que funciona pra você fazer o teste.

É rápido e não tem ninguém te olhando. O resultado também, ninguém irá saber. Vamos fazer?

Resposta sim, não, jamais e nunca prestei atenção nisso.
1. O celular é a primeira coisa que você pega quando acorda e a última que solta antes de dormir?
2. Se você esquecer o celular em casa, você volta para buscar?
3. Responde a qualquer hora mensagens mesmo as que não são urgentes?
4. Participa de mais de cinco grupos de conversas?
5. Atualiza as notícias das suas redes sociais mais de três vezes por dia e não realiza nenhum trabalho online?
6. Durante uma reunião, uma palestra, um evento social checa suas mensagens para ver se alguém te mandou alguma coisa?
7. O relatório de uso semanal do seu dispositivo móvel já te acusou de uso de mais de duas horas por dia?
8. Assim que recebe um áudio, mesmo estando no volante você dá um jeito de responder, mesmo sem suporte de celular adequado?
9. Fala ao telefone enquanto dirige?
10. Nunca desliga seu celular?
11. Prefere deixar o carro na revisão por dois dias do que o celular no conserto?
12. É capaz de sentar no chão de um lugar tão limpo como um aeroporto, só pra usar a tomada?

Se você respondeu sim para mais de seis perguntas, seja bem vindo ao grupo dos dependentes
tecnológicos!

Vamos conversar muito sobre mudanças na comunicação e no comportamento a partir de agora, mas nem de longe tenho a pretensão de fazê-lo abandonar o celular como fez o nosso encanador. Muito menos de deixa-lo desligado durante todo o dia e só usar para chamadas telefônicas.

A tecnologia está aí e os três milhões de aplicativos disponíveis também. Vieram para melhorar e facilitar a nossa conexão com tudo de melhor que acontece a nossa volta.

Graças a toda tecnologia eu já reencontrei um parente que não conhecia, converso com amigas da adolescência que moram em outras cidades, fiz uma amiga no Japão, atendo uma cliente em Tocantins, pago minhas contas, faço compras, aprendo receitas, faço cursos e uma infinidade de facilidades que não estou nem um pouco disposta a abrir mão.

Essa é a questão: não precisamos abrir mão de nada, mas precisamos ajustar a mão pra tudo. Inclusive para esse mundo de possibilidades que está em nossas mãos o tempo todo.

Não é sobre não usar.
Não é sobre o bloquear.
Não é sobre o desligar.

Mas sobre o controlar o que está controlando a gente.
Isso é auto-liderança. Isso sim é liderar.

Simples assim, só isso e mais nada.

Um domingo sensacional pra você!